segunda-feira, 31 de maio de 2010

A MEMÓRIA DA ÁGUA

                                             


Eu era sólida.
Desci, desci,
fui descendo o morro,
o corpo,
na brasa da lava
queimando-se...
Descendo, descendo,
levada,
carregada,
deitada.
Escoada lávica
em velocidade
no declive
em erupção.
Virei água, água,
que escorre pela calçada,
Efusiva.
Do morro,
escorri...
Nas pernas
Da brasa.
Mal toco
Mal tocada
Mal deitada.
Tão lábil.
Virei água
Deitada,
Revirada.
No avanço da escoada,
Água.
E, se água,
acaba.
E, se lava,
acaba.
Mas, e a água?
Cadê a calçada?
Cadê a lava?


Por Suzana Guimarães.