sábado, 30 de abril de 2016

(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)




Não queira o que eu tenho. Você não sabe o preço que pago e jamais pagaria. Nem as minhas alegrias, você saberia vivê-las. Minha alma e meu corpo não o vestiriam muito bem.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Todos poderão matá-lo, mas só você mesmo poderá fazer suas ressurreições.

(Minas Gerais/Brasil, por Suzana Guimarães, via celular)

segunda-feira, 25 de abril de 2016

A MULHER SEM PÉS E SEM CABEÇA




Deveria ser conto, uma ficção, ou ser fato ocorrido em algum país onde a mulher é mero objeto, mas é verdade quase que debaixo dos meus olhos, ou seria debaixo mesmo?

Foi assim, eu vi, está lá, só não posso provar. Mas posso desenhar, contando o que vi:

Marido lindo posta fotografia da esposa também linda- sim, esposa, para não confundir, deixo claro, esposa -, no Instagram. 

Marido lindo posta fotografia da esposa vestida (pelo menos isso!), com as perninhas de fora (belas pernas!), estendida numa cama (naquela posição que os defuntos ficam, estendidos, retos).

Marido lindo corta os pés e a cabeça da esposa na fotografia.

Marido lindo escreve: "Meu, todo dia". 


Quando uma grande amiga do passado divorciou-se, ela me disse: "Você não viveria com meu marido nem por uma semana". Antes que eu pudesse abrir a boca para responder algo, ela completa, "Ah, você nem se casaria com ele!".

Mas tem mulher casando... e algumas ficam até sem pés e cabeça. 


Por Suzana Guimarães

sábado, 23 de abril de 2016

Hahaha!



(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)

Quando eu deparo-me com vidas certinhas, bonitinhas, perfeitinhas, enfim, tudo tão arranjadinho, sem cara feia, sem mau humor, sem o pó que desce sobre todas as coisas...aquela coisa de revista de sala de espera, onde há três mil fotografias impecáveis, eu duvido de tudo; até do nome da pessoa.

P.S.: A roupa fedendo fala tudo!


Suzana Guimarães

domingo, 17 de abril de 2016

ESQUECE

(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)


Esquece a onda que bateu na praia. Esquece o barulho que fez. Esquece o frescor que alcançou seu corpo. Esquece a paz que chegou, e, principalmente, aquele riso. Esquece o riso. Esquece que houve alegria sem explicação. Esquece que você se sentiu feliz. Esquece, pelo amor de você mesmo! Esquece a suavidade da noite, a beleza das estrelas, a sensação de oásis. Esquece o que o fez esquecer do pouco amor, da pouca felicidade. Esquece tudo. Quando você nasceu, era só você e mais nada.

Suzana Guimarães
_Está doendo onde?
_Aqui.
_Onde? Aqui? (E enfia o dedo).

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Um poema quase findo...


(por Suzana Guimarães)



Trincou uma bombonière de cristal, ao longe. Leve som. Trincou o doce caramelado e também a porta antiga, essa, trincou no meu olhar, conjugou-se então um tempo verbal ainda desconhecido e eu me vi triste e submissa às horas quase mortas...

Trincaram os dentes da minha mãe, tantas e tantas vezes, e eu nunca pude ajudar, consolar ou amenizar... O tempo se foi e eu também tive meu sorriso trincado, entrincheirado na memória ardida. Trincou a maçã do amor - como era bela! Trincou o céu num tom bordô. 

... enquanto isso tudo era lindo, a grama muito verde e úmida... e pássaros cantavam amorosamente, em calmaria, enquanto as flores da cerejeira cobriam-me em véu. Tudo tão perfeito e silencioso! E dentro de mim, o mundo trincava-se. ​

As tábuas no chão tantas e tantas vezes encerado - e não mais, não mais! - fingiram trincarem-se enquanto eu as pisava... mas o som vinha do peito.

... enquanto isso tudo era lindo, as árvores tão verdes e frondosas... A menina corria feliz ao redor, respirando, sugando as flores todas que enfeitavam a casa... no chão, petúnias ainda vivas.

Embora trincadas todas as suas pétalas... embora a vida, embora o fogo, o mal e a bondade. Embora a enorme força de vontade.

O relógio trocou os lentos segundos pelo tempo do véu que despencou de mim, dentro da casa de tábuas corridas...

E toda noite, eu venho aqui para dizer sobre todas essas coisas, mas é sempre tarde.

E toda noite, eu venho aqui...

para estar novamente lá

Onde tudo ainda é lindo, verde no chão, azul ou alaranjado no céu que toda tarde arde em brasa...

embora eu ainda sinta o trincar do encontro.


Por Suzana Guimarães

Sobre filhos...

(arquivo pessoal de SCG)

Edifico um prédio de muitos andares, belíssimo, há mais de uma década... daí, surge um sujeito que nunca procriou ou criou alguém e me fala em casinhas de sapé.

Sobre a criação de filhos (biológicos ou não - distinção apenas para os que nada sabem a respeito).


Suzana Guimarães

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Então,

(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)


Falar alto comigo não resolve porque eu começo a ficar surda, num processo interno, pensativo e interrogativo da razão da gritaria... daí, não escuto nada. Ofender-me com ruim Português é tolice porque eu irei parar nos erros e olharei para eles e mais nada, já que eu costumo corrigir mentalmente o tempo todo, inclusive os meus próprios. Fazer-me muita pergunta também - sem que tenha intimidade comigo -, é algo inoperante. Alcancei um estágio avançado de abstração e desconsideração para com as pessoas e situações que não me atraem ou que sejam hipócritas demais.

Beijo.