quinta-feira, 30 de julho de 2015


I miss my city, my street, my state, my crows in the trees, my table, bed, my bathroom, my house, my car, my fish, my flowers, my ways, my gi, keys, kitchen, pans, lights, sofa, chair, windows, my heat, desert, my confidence, my safe, my clear...certain. I do not miss my second language, only it!

July, 30
Eu não coaria meus pensamentos.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

E de tudo, a saudade mais intensa é de ontem mesmo, aos 48 anos. Uma longa viagem, um caminho esperado, uma rua principal - "lá perto de casa" -, ruas próximas à uma enorme catedral. Muito frio. Muito para dentro. Tudo intrínseco. Nada igual. Tudo conhecido como eterno, assim denominado. Certas coisas são para sempre, mesma que destituídas de razoáveis explicações.


Suzana Guimarães

sábado, 18 de julho de 2015

que não se explica...





​Foi assim que eu fui perdendo a minha identidade, morrendo toda noite e nascendo a cada manhã. Questiono se realmente é algo proveitoso termos alguma identidade, algo implicitamente desejado ou incutido como certo. É triste perder tudo e parecer de outro mundo - de tão inadequada -, mas é mais pleno, com certeza. Pertencer a nada e não possuir ninguém, muito menos ser possuída... parece-me que isso é cumprir o papel, um retorno ao início. Quando chegamos, de nada sabemos e vencemos esse momento e todos os outros posteriores. É a velha história, ou melhor, fato, coisa real: ser como tudo o que brota nos campos, alheio. Livre. Incomoda esse não pertencer, faz doer, mas retira toda e qualquer prisão.


​Suzana Guimarães​

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Eu quero falar um pouco sobre o meu país.


Meu filho está fazendo tratamento para acne. Aquele demorado, de seis meses. Para receber a próxima remessa de remédios, ele teve que fazer exame de sangue aqui e terá que enviar para o seu médico, nos EUA. É assim, acredito, no mundo inteiro. O pedido dele vem em painéis. A biomédica do Laboratório Hermes Pardini, via telefone e e-mail, destrinchou o pedido para mim porque cada laboratório tem a sua forma de realizar os exames. Ela os separou para fora dos painéis, traduziu e enviou os preços - são dezoito exames. Hoje, fomos ao laboratório. Gostei muito do atendimento, gostei demais! Um dos exames exige, aqui, no Brasil, que o paciente fique deitado por quinze minutos para repousar o corpo - algo que não acontece lá. Perguntaram-me se eu queria que tudo fosse traduzido. Hesitei por conta do preço, pensei em algo exorbitante, pois eu estava pagando tudo de forma particular. Podem acreditar? Dez reais. O preço. Dez reais. Ainda ofereceram a mim, que era apenas acompanhante, alguma bebida e pães de queijo. Nota 1.000 para este povo brasileiro que é bem maior que uma pequena parcela - nossos próprios irmãos - que nos roubam constantemente!


Julho, 17

quarta-feira, 15 de julho de 2015

ausência




a casa é a mesma
detalhes, não.
copos, talheres e edredons trocados. Algumas reformas pequenas. Espaços a mais.


sobre a mesa, jogo completo
onde falta uma carta
poderia não ser demais


Mas é pôquer sobre a madeira encerada. E é para nunca mais.​


(Suzana Guimarães)

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sobre o Brasil, por mim


A terra é úmida e verde. As mulheres, vaidosas. Vejo esmaltes, diversos. Os homens são morenos, mesmo que sejam loiros, eles têm algo de morno, escuro, pouca luz, o andar de todos é sutil... os garçons são gentis, amigáveis, os copos das mesas são trocados, a comida tem sal, tem sabor. Tem tristeza, tem cansaço, tem estresse e pobreza, muita, mas tem o que eu sempre vi, um algo mais, que nos caracteriza e não se explica. É como se fôssemos uma outra raça, vindos de uma outra galáxia... as propagandas nas tvs são mais criativas, há uma falta de endereçamento certa, certo somente a boiada dispersa. Eu gosto. Sou eu. Só nascendo de novo para ser outra.

Suzana Guimarães

quarta-feira, 1 de julho de 2015



(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)

Querido, eu não uso pessoas, eu uso coisas.