terça-feira, 25 de junho de 2013

O TEMPO QUE NĀO TRAIU




Desconheço autoria da imagem



O tempo que não traiu... O tempo foi perfeito. Maestro de nossos desejos. Quem traiu, fomos nós, que criamos nossos caminhos, denominamos-os de vida e depois, sentados no nada, inconformados com o desperdiçado passado, falamos entre dentes, ' vida ingrata '.
 
Por Suzana Guimarāes.

sábado, 22 de junho de 2013

OUTONO NO BRASIL

(Desconheço autoria da foto)


 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

FELIZ!

Suzana Guimarães
 
 
A Suzana Guimarães, leitora e escritora, está de férias...
 
Tenho até vergonha de falar isso, mas estou num momento egoístico e preguiçoso, porém, diferente das outras vezes em que eu parei.
 
 Estou egoisticamente feliz!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

SOBRE ESCREVER

(Desconheço o autor da imagem)


Escrever não é fácil. Você tem que conhecer bem a língua na qual escreve. "Conhecer bem", apenas isso, pois conhecer bastante pode ser prejudicial, uma trava. Você precisa ter coragem, muita, pois quem escreve mentiras deixa passar verdades e quem escreve verdades colore os fatos, ou abranda o tom, finge. Quem tem coragem sabe que estará exposto e escrever é nudez, é imagem além de um corpo nu. Uma escultura ou uma pintura diz muito, mas termina em si, não diz um livro todo e um livro todo não diz somente uma imagem. Você precisa deixar-se de lado e ao mesmo tempo mergulhar fundo em si mesmo, então, você faz magia, quem escreve é possuído pelo momento. O momento é o agora, o tema é atemporal, pode ser um bebê recém-nascido ou um ancião dentro de você, que só lhe obriga, só lhe obriga.


Por Suzana Guimarães

domingo, 2 de junho de 2013

EM MIM


Fotografia gentilmente furtada de Rodrigo Rolim
 
 
Em mim, um tempo passado, incógnito, um todo que hoje é nada, por tudo que passa e às vezes resulta. Nada, nada, tudo vago pela desmedida da importância. Uma ponte branca que atravesso, e a esquina, a mesma, de ontem, de hoje, como se tudo fosse igual, mas não é, não é somente fato, é sensação. Refaço passos que nem mais existem.  
E vó chamava para o almoço, logo após o verdureiro largar a cesta pesada no chão e tocar a campanhia que eu nunca ouvia; apenas o barulho do cesto, o fôlego do homem cansado... e o som do balanço de dois lugares. E hoje, os galhos dos eucaliptos sacudiram suas folhas, e, no meio da rua, parei e ouvi; o mesmo som, inclusive meu pai dizendo, “ouça o balançar das copas das árvores”... o mesmo vento, tempo vivido, nem ontem, nem hoje, eterno.

Nada, nada que a tarde não engula e não me faça recordar, digestivamente. O riso estampado da minha mãe a dizer, “aguarde maio”. Um mar de folhinhas verdes abrindo o meu caminho, atrevidas e sorridentes... e por elas, eu passo, como passei a vida toda e tantas outras.

O que há no som e na falta dele que nos agrega neste mundo de tudo ou nada? Lembrança.

Na ponte, gaivotas sobrevoam o riacho que atravessa, mas, lá, só voavam pardais ou andorinhas.

E a minha outra avó dizendo: “olha, olha as noivinhas”, e eu pensava que pássaros eram todos os mesmos, até o dia em que compreendi que cada um nos vem e nos faz confidência.

Escuto a ave que se esconde. Escuto passos e o choro de um cão. A velhinha fixa o nada e eu a olho. Tudo transformável. Não há mais verdureiros e nem Benzico, o padeiro. Às vezes, um som ao longe, melodia saída de um carro, cujo motorista vende guloseimas; o barulho que a onda faz quando alcança a praia e vozes que parecem cochichos... É o tudo da minha existência; e é o nada.

Não há olhar mais adiante que o meu, imbuído de mim.

Em mim, um único som, dentro do peito, pêndulo do tempo sem fim.
 
 
Por Suzana Guimarães.