sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Sobre amor

(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)


É preciso que seja belo, belíssimo, leve e certo; que seja inteiro, ímpar, distinguível de tudo já conhecido, um açoite na libido - moribunda. Que seja fácil, claro e concreto, isso, repito, que seja certo. Que seja profundo por ser urgente; verdadeiro por ser natural; plácido - lugar onde se deita e, se morre-se, é morte feliz.

Suzana Guimarães



clica em cima para ouvir

e o ano se vai... melhor de todos os vinhos!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

(por SCG, via celular)


(...) em pé, no chão, balança as enormes asas, mas não levanta voo porque não sabe como. Eu, sempre diante de um precipício, sem asas, atirando-me. 

Deus, Deus, dá-me asas!


Suzana Guimarães

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Eu escreverei palavras de amor



Antes que a morte me alcance; ou a você.
Antes que anoiteça e eu renasça melhor, mais leve e mais bela, independente...

(Antes do passo do homem mau
e da paciência do bom em desfazer esse passo...)

Eu escreverei palavras de amor.

Eu escreverei palavras de amor para você para que a gente se salve, para que as mortes não nos assustem mais; antes que você perceba que tudo é em vão e essa é a ideia principal

E que, por ela, é que a gente vive, pelo nada.

Então, por nada, para nada

Eu escreverei palavras de amor. Beba-as.



Suzana Guimarães

sábado, 19 de novembro de 2016

sobre a foto que se apaga...

(Fotografia por Luís Roberto G. Meneghini, por celular)



Expira suave, expira... calando-se em novembro, morrendo neste outono... das estrelas, dos infernos, das estradas, do ponto parado no infinito de todas as ideias. Expira suave, declina-se. Vai tão lento, tão infinitamente amado e desejado e dezembro o engolirá; suave.


​Bafeja. 




Suzana Guimarães​

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Era a vida valendo a pena.

(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)

Naquele tempo, o óbvio pautava nossos dias. O fundo da casa de dois andares era separado do grande quintal vizinho por um muro baixo. Naquele terreno ao lado, havia uma enorme mangueira, sempre lotada de mangas que pessoa alguma parecia colher, e havia ao pé da árvore um cachorro Pastor Alemão. Ninguém se atrevia a pular o muro e a vida transcorria. Não havia sofrimento ou mesmo algum pensamento mais forte sobre; era apenas um fato. 

​Não sei quando aquele cachorro ficou velho e passou a ser apenas presença. Não sei se foi substituído por outro e depois mais outro - eu ia lá somente nas férias. 

Não sei quando passamos a não mais olhar as mangas e o cão. ​

​Certa vez, alguém comentou que 'ele' não estava mais lá, mas ninguém acreditou. Alguns diziam que provavelmente ele apareceria surgido de algum canto daquele enorme terreno quase abandonado. 

​Não sei quando o desejo de todos por aquelas mangas passou. 

Não sei quando, mesmo passando ao lado, eu já não via mais aquele muro.

Não sei quando a gente perde a simplicidade de apenas ser. Hoje, não me bastariam aquela casa, o muro, as mangas e o cão. Nem os primos, muito menos as férias... - apesar deste álbum de fotografias imaginário conceder-me um certo frescor. 
Não me bastariam porque eu lotei a mim mesma de coisas vãs enquanto buscava o sumo em frutas nascidas no balcão do supermercado.


Suzana Guimarães

sábado, 29 de outubro de 2016

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

SOBRE REMORSO


(Suzana Guimarães - Desenho por Hilário)


Dizem que não podemos lutar contra o gostar, pois eu penso que sim, podemos, sim! 
Gostamos, amamos e odiamos de acordo com nosso querer e interesse... de acordo com o nosso estado, se propício ou não... de acordo até com o sistema de meteorologia. Um vento que bate forte e pronto, o que era lindo vira monstruoso, ou o contrário.

Só não podemos mesmo contra o remorso. 

Remorso é uma terceira categoria, que vai muito além de purgatório e inferno. Remorso é senhor impiedoso, sem hora e consolo. Apunhala quando quer, o tempo que quer e não aceita esquivas.


Por Suzana Guimarães

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

...

(fotografia/arquivo pessoal de Suzana Guimarães)


"Ah, quanta confusão fazemos no amor apenas por sentir!   

E sentir já é muito..."


_Denise Portes

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Milagres

(desconheço autoria da pintura/Arraial D'Ajuda, Bahia - Brasil)


"Ora, quem acha que um milagre é alguma coisa de especial? 
Por mim, de nada sei que não sejam milagres:
ou ande eu pelas ruas de Manhattan,
ou erga a vista sobre os telhados
na direcção do céu,
ou pise com os pés descalços
bem na franja das águas pela praia,
ou fale durante o dia com uma pessoa a quem amo,
ou vá de noite para a cama com uma pessoa a quem
/amo,
ou à mesa tome assento para jantar com os outros,
ou olhe os desconhecidos na carruagem
de frente para mim,
ou siga as abelhas atarefadas
junto à colmeia antes do meio-dia de verão
ou animais pastando na campina
ou passarinhos ou a maravilha dos insectos no ar,
ou a maravilha de um pôr-de-sol
ou das estrelas cintilando tão quietas e brilhantes,
ou o estranho contorno delicado e leve
da lua nova na primavera,
essas e outras coisas, uma e todas
— para mim são milagres,
umas ligadas às outras
ainda que cada uma bem distinta
e no seu próprio lugar.

Cada momento de luz ou de treva
é para mim um milagre,
milagre cada polegada cúbica de espaço,
cada metro quadrado da superfície da terra
por milagre se estende, cada pé
do interior está apinhado de milagres.

O mar é para mim um milagre sem fim:
os peixes nadando, as pedras,
o movimento das ondas,
os navios que vão com homens dentro
— existirão milagres mais estranhos?"


Walt Whitman, in "Leaves of Grass"

segunda-feira, 10 de outubro de 2016


"Deciding what not to do is as important as deciding what to do."

_ Steve Jobs

domingo, 9 de outubro de 2016

PROMESSA



Quando eu o encontrar, terei um discurso completo, flores e alguns laços, mas entregarei apenas silêncio.

Continuo na vigília da noite. Carrego em mim todas as palavras. E nenhuma. Carrego em mim, a certeza de que o encontrarei, dobrando a esquina, atravessando a rua, ou mesmo parado, estático, na praia, lá onde as gaivotas se perfilam para ver o Sol adormecer. Carrego essa certeza como carrego a mim mesma. Sou aquela que ama fatos incontestáveis. E, para mim, você é fato e inconstestável.

É noite e eu pergunto-lhe: qual palavra poderia me alcançar? Nenhuma.

Você não carrega palavras, você carrega sua alma. Você carrega um som em torno de si: meu sussurro chamando-o. Sussurro eterno.



Por Suzana Guimarães


Nota: Texto originalmente publicado em: 
http://omedodesuzana.blogspot.com/2011/09/promessa.html

sábado, 8 de outubro de 2016

 
Tudo o que é muito valorizado acaba mal, é um problema. Se tiramos a atenção sobre, melhora.



quarta-feira, 5 de outubro de 2016

O destino do amor onde é.



(fotografia por Luís Roberto Meneghini)


Quem é para estar comigo está.
Caminha ao meu lado, diz docemente, olha assim também. Quem é para estar comigo não precisa ser convidado, convida-se; é.

Diz de amor e de clarezas
e eu ouço o cão ladrar, sinto os ventos do parque

_ estou sempre ao norte.

a grama parece mais verde, não; é, assim como quem está para estar comigo é,
Tudo parece uma festinha onde as risadinhas, poucos podem ouvir...

Quem não é para estar comigo,
a vida tratou de afastar

_ e a cada dia mais o sul se esvai...



Suzana Guimarães

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Nota

Após anos, decidi reabrir a caixa de comentários. Contudo, agora, "os comentários passam por um sistema de moderação. Não serão aprovados os comentários:
- não relacionados ao tema do post;
- com pedidos de parceria;
- com propagandas (spam);
- com link para divulgar seu blog;
- com palavrões ou ofensas a pessoas e marcas;"
- com luzinhas e pequenos corações saltitantes porque pesam a página.

Suzana Guimarães, Lily

sábado, 24 de setembro de 2016

Sobre ele



Ele disse que encontrará uma mulher em um país estranho, aprenderá sua língua e com ela se casará.


Ele diz coisas que eu gosto de ouvir.




Suzana Guimarães

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Labirintos


"Já não escondo
a face 
nem o deserto destes olhos
os labirintos, estes misteriosos
labirintos
que ondulam, espirais de desgosto
seca-se a terra deste corpo, (este corpo)
siga-se cada ruga
enclausurada neste rosto.
_ imagens de instantes coalhados
prisioneiros do silêncio de tantas escutas
nos labirintos da interminável noite
intentos de cravar estrelas
intentos de encontrar as esporas da madrugada
e ferir o dia
na dor da espada
e
flor."


Por  Elke Lubitz



AUSÊNCIA



"Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada."

(Vinicius de Morais)

segunda-feira, 22 de agosto de 2016


(Suzana Guimarães, por R.Meneghini)


Eu assisto à morte, mas não a saúdo, não lhe presto festa, não me alegro com ela. Prefiro a vida, o sorriso, a esperança. Tenho dó de quem só enxerga o lado escuro humano; e até o seu próprio... E nada mais.

Suzana Guimarães

sábado, 20 de agosto de 2016

You can not fight city hall




Alma lavada, hoje. Esquecendo o jogo horroroso em Belo Horizonte, em 2014... esquecendo. Não foi um jogo roubado. Também não foi belíssimo, mas eu sempre busco o fim e pouco presto atenção aos meios... Foi um jogo onde os dois times queriam ganhar e jogaram bem, apesar do placar 1x1 ser algo pobre. O time alemão tem meu respeito. Jogou limpo. As faltas são faltas normais de um jogo legal. Não vi gente caindo à toa. Vi jogadores se levantando rapidamente. E o Neymar que eu, particularmente, eu, repito, eu nunca vi jogando nada que presta dentro do Brasil, fez bonito, correu atrás da bola, deixou claro aos adversários e ao goleiro que ia entrar naquela trave. Feliz. Resultado adiantado, mas cheio de esperança, feliz por tudo ter caminhado bem. Amém. Eu nunca fui a favor de Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil, mas, a partir do momento que disseram que haveria, sim, de qualquer jeito, eu cedo e recuo e torço e aplaudo porque "You can not fight city hall".

Por Suzana Guimarães

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Falando por mim...


(por R. Meneghini)

"já desejei coisas e pessoas. já conquistei pessoas e coisas. errei e continuo errando, mas sempre querendo acertar. conheci pessoas únicas, as quais jamais esquecerei. já chorei por amor e ri à toa por causa deste mesmo sentimento. carrego, suporto, insisto - e pago alto preço por isso. falo e faço bobagens, das quais geralmente não me arrependo. sou incompreendida algumas vezes porque sou dona da verdade - a minha pelo menos.
sou tolerante até certo ponto. explodo quando não me sinto obrigada a engolir o que me incomoda. sofro além da conta com o sentimento de perda, embora perder nem sempre signifique derrota ou subtração. a gente só precisa encarar a frustração ou trauma (ou sei lá o quê) com coragem, mesmo que o peito sangre e os olhos chorem oceanos, pois o tempo se encarrega de mostrar se aquele sofrimento era ou não superestimação do acontecimento e também de colocar tudo em seu devido lugar. depois, tantas vezes, a gente acaba até rindo de nosso próprio drama.
o fundo do meu poço, moradia vez em quando necessária, me acolheu sempre de braços abertos. emergi com a força devida para continuar, pois não há dor que perdure.
tolero os sarcásticos e divirto-me com os idiotas. detesto gente fútil. detesto gente hipócrita. detesto gente egocêntrica. detesto detestar, mas nem sempre há outra escolha, então, detesto. mas não odeio - ódio é sentimento muito pesado para carregar. permito-me ficar sozinha - revigora - , mas detesto solidão. nasci para interagir. gosto de observar. detalhes são importantes para mim. não suporto ser julgada. não admito ser desrespeitada. acho que minhas entrelinhas dizem mais a meu respeito do que as próprias linhas (embora aqui eu não as tenha economizado). alternando entre o sim e o não, tento ser feliz.
guardo situações, palavras e gestos com extrema perfeição. falo palavrão, mas também sei manter a classe. às vezes, quando poderia falar, me calo (porque nem sempre vale a pena dizer o que se pensa). me apaixonei inúmeras vezes, amei poucas. sei que fui apaixonante para alguns, amada por outros. viver pela metade? não aceito. em cima do muro? não dá. a gente precisa tomar partido, ter opinião, saber o que não quer. sou intensa, sofro por isso. se me prometer algo, por favor, cumpra - a decepção muda, e muito, minha forma de ver uma pessoa.
a vida bem que poderia ser cor de rosa o tempo todo, mas não é. portanto, ou aprendemos a conviver com quem somos e com a pluralidade que nos cerca, ou viveremos cheios de questões mal resolvidas, nos tornando pessoas amargas, repletas de doenças da alma."

Por Sandra Amélie

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Sobre intolerância e os jacus (que me perdoem os pássaros)...

(desenho, por Hilário)


Tenho opiniões bem formadas sobre vários assuntos, mas eu as guardo para mim; no máximo, talvez, saibam delas meu marido, minha mãe e filhos. Ninguém mais. Triste ver a imagem da atleta com traje de competição de seu país passando pelas redes sociais - a moça toda vestida jogando vôlei de praia contra a outra, de bíquini -, e mais triste ainda ler alguns comentários. Ela é uma atleta e está no Brasil para competir. Poderiam falar apenas do desempenho dela, seria melhor.


Talvez, não sei, assim como eu, ela comenta, entre seus íntimos, sobre as mulheres de fio-dental nas praias cariocas... A partir do momento em que a minha liberdade não está sendo ofendida e nem a do outro, tudo é aceitável e é o ideal. Tolerância ao que nos é diferente é sadio. O resto é falta do que fazer. Melhor a pilha de pratos para lavar. Nada contra, também. Albert Einstein, pelo que já li, gostava de lavar a louça suja na pia para liberar a mente.

Difícil, eu acredito, é estar diante dessas mulheres, frente a frente, sendo colegas de trabalho ou de escola, ou vizinhas, e recitar estes discursos hipócritas e preconceituosos na cara delas. Tenho colegas na faculdade vestidas com seus mantos e eu as olho e tudo o que eu quero e faço é apenas retribuir aos cumprimentos sinceros, sorrir também, trocar informações, fazer os trabalhos, enfim, estar diante delas como estaria diante de outra vestida igual a mim. Eu não quero me intrometer naquilo que não é da minha conta! Engraçado, diante delas, não vejo nada demais porque o que elas me transmitem é segurança em suas próprias vidas; boa ou má, vida é vida, é algo inconstante, hoje está ótimo, amanhã, péssimo e ninguém desse jogo escapa.

A impressão que ficou em mim é que, para muitos, no Brasil, é a primeira vez que veem algo assim, feito os "jacus" (que me perdoem os pássaros!), que na minha terra significa gente que nunca passou dos limites do quintal de sua casa e de nada sabe, nada viu, nunca viu e quando vê, olha perplexa. Pelo menos, que eu saiba, até esses guardam para si seus "sustos". Melhor do que sair por aí, escrevendo asneiras.


Suzana Guimarães

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

terça-feira, 26 de julho de 2016

Sobre ter cinquenta anos...


"quando fizer cinquenta anos
voltarei pra casa

meu pai estará cansado 
de ser velho e terá de novo
trinta anos

minha mãe estará com raiva
e feliz por estar feliz
mesmo estando com raiva

meus irmãos e irmãs todos
estarão vivos: (...)

não haverá entre nós
distâncias nem dormentes

minha família brotará no ar 
(...)

e cada um de nós 
que se fizer ausente
há de brotar na pele do outro

como o fruto grita
no silêncio da semente"

_Carlos Moreira

sexta-feira, 22 de julho de 2016

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Alguns nãos...



(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)


Li que algumas pessoas não assistem à televisão há três ou cinco anos... daí, pensei: eu não assisto há, no mínimo, dezesseis anos (certeza absoluta fácil de memorizar porque é a idade do meu filho). Na época em que se "condenava" mães e pais solteiros, eu me casei com um homem pai solteiro. Esse homem nasceu americano e isso nada importou para mim por décadas. Dispensei chá de panela, chá de bebê (é esse mesmo o nome?), damas e pajens ao entrar na igreja no casamento religioso...nunca fui consumista e continuo não sendo, nunca fui partidária e continuarei assim, doa a quem doer; não minto porque detestaria ter que vigiar minhas falas, sou franca, mas com certeza não falo tudo. Não conto o número de livros que li em um mês (mal conto dinheiro!), pareço alienada e com pouca inteligência em muitas situações e isso é meu maior orgulho porque evito muita coisa desnecessária. Na verdade, sou feito gato, economizo movimentos. Sempre fui considerada uma pessoa estranha, hoje, a poucos dias de completar cinquenta anos, considero estranhas são as pessoas... salvo preciosas exceções. Se insistissem com a pergunta sobre assistir ou não à televisão, assisto nos seguintes casos: quando sou convidada a assistir programa culinário ou sobre moda; Copa do Mundo e qualquer programa só para estar ao lado da minha mãe.

Suzana Guimarães

terça-feira, 28 de junho de 2016

SOBRE BONDADE


(scg - desenho por Hilário)


A vida já comprovou-me: é preciso que anjos deixem de lado tanta bondade de tempos em tempos...

segunda-feira, 27 de junho de 2016

(fotografia: scg)




15

Eu me despeço do mundo todos os dias.
Não é verdade que não penso na morte.
Penso sempre na morte,
Porque está entre as páginas do livro que fecho,
nas dobras dos lençóis em que me deito,
nos restos de comida sobre o prato.
Tudo morre a cada dia e ressurge glorioso
como um vaga-lume, uma borboleta, um escaravelho.
E dura o tempo que durar
sem se abalar com nada.

Eu me despeço da luz como se não mais a visse,
Me despeço dos sons que se aquietam,
Me despeço das formas que cessam de existir.

Me despeço dos templos e igrejas onde guardamos as imagens dos santos, que repousam ali eternamente.
Me despeço de horizontes sempre limpos, cujas montanhas à distância se alongam ao olhar.

Serei a última irmã das palavras para deixá-las partir.
O mar banha o contorno da terra, cercando-a de sua existência fluida.
Os corpos se chocam contra sua onipresença magnânima.

Aceno adeus à paisagem por ser minha e todas as coisas ditas e não ditas permanecerão acesas como fachos de luz no despenhadeiro.

Somos os irmãos das palavras porque as inventamos para os poemas que ousamos escrever.

Tudo é dito hoje e se apaga.
A palavra escolhida é o poema.

27/06/2016 - 2h42


Por Thereza Rocque da Motta

terça-feira, 21 de junho de 2016



Se um dia meus filhos me perguntarem com quem devem viver, eu responderei: Fica com quem abraça as suas loucuras com se fossem as suas próprias. O resto é tolice! Vai ser feliz com esse louco!

domingo, 19 de junho de 2016



(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)




Tão irônico. Tão estranho. Você pacientemente aguarda num acúmulo de anos, para, um dia, descobrir que há um relógio esperando atitudes para ser movimentado, sim, e, que, a contrário de tudo imaginado à exaustão, ele encontra-se dentro, minha filha diria 'indentro', de si mesmo. Embora o longo tempo passado, a coragem, o caminho, a viagem. Embora a casa. Embora o relógio parado. A tarefa era somente caminhar e esperar. Esperar e caminhar.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Então,

(imagem: Luís R.G.Meneghini)


Então, você pega a tal bandeira, qualquer denominação que queira, que melhor se encaixa para tudo aquilo, e carrega-a nos ombros morro a morro e depois, finca-a no chão - momento tão infinitamente esperado, e pouco importa se há alguma dor, se há algum sorriso, não importa nada! Você somente finca-a no solo. Pronto. Você venceu; e até a si mesmo.


Eu sempre disse que a vida não é um passeio alegre pelos campos.

domingo, 29 de maio de 2016

Sobre importar ou não...



(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)


A partir de quando tudo o que você precisa fazer é conseguir respirar, a partir de quando todo o esforço é apenas isso e isso é tudo e o tempo se vai, você passa a não se importar mais com a importância. O que é mesmo que importa? Ah...

sábado, 7 de maio de 2016

quinta-feira, 5 de maio de 2016



(scg)



Considerei melhor não olhar nos olhos; não por medo, covardia ou falsidade; Mas, sim, por desprezo. Aqueles olhos não merecem os meus dentro deles.

domingo, 1 de maio de 2016

Porque eu sei sobre você



Você tinha inúmeros sonhos, chegava a delirar por eles. Criou teorias, conceitos, paradigmas, uma tabela longa do que é certo e errado; acreditou que certos elementos quando combinados eram a chave para a felicidade e para o sucesso, a realização total.

Muito tarde para questionarmos aquilo tudo. Naquele tempo, você não aceitava opiniões alheias​, então, repito, muito tarde, muito tarde para qualquer tentativa de interpretação agora.

​Já não importa se eram teorias furadas. O que tem importância é o resultado. E eu pergunto-lhe, o que você ganhou com aquilo tudo dentro de si, na mente e no coração? Quais foram os lucros? Pergunto sobre ganhos internos, pessoais, individuais, indisponíveis. O que você tem agora em mãos?

Você não precisa responder-me. A minha vida não mudará em nada, nem eu. Isso não acrescentará coisa alguma em mim ou para mim. Responda para você mesmo, num dia de coragem, sentado, sozinho, sem ouvintes. Diz para você o que ganhou, enumera. 

Muitos têm essa resposta que é só sua, mas a opinião deles pouco importa, como sempre foi, e isso não é ironia, nem deboche, no ponto em que você se encontra, acabará por fim entendendo que seu único inimigo foi você mesmo. Suas próprias concepções o mataram.

Era para ter sido leve... Era para ter sido gentil...

Talvez ainda existam sonhos. Penso que sim. Mas eles estão soterrados na amargura desta sua vida que parece uma corrida sem fôlego para lugar nenhum.

Penso que a única saída seria você esvaziar totalmente a sua mente e seu coração, como se nascesse de novo, e recomeçasse nu, leve, gentil. Você sabe, suas mãos estão vazias há muito tempo. Você sabe, você nada lucrou com tudo aquilo que carregou. É fácil. Basta aceitar o vazio que você se deu de presente ao longo dos anos enquanto culpava os outros por sua própria ruína.


Por Suzana Guimarães

sábado, 30 de abril de 2016

(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)




Não queira o que eu tenho. Você não sabe o preço que pago e jamais pagaria. Nem as minhas alegrias, você saberia vivê-las. Minha alma e meu corpo não o vestiriam muito bem.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Todos poderão matá-lo, mas só você mesmo poderá fazer suas ressurreições.

(Minas Gerais/Brasil, por Suzana Guimarães, via celular)

segunda-feira, 25 de abril de 2016

A MULHER SEM PÉS E SEM CABEÇA




Deveria ser conto, uma ficção, ou ser fato ocorrido em algum país onde a mulher é mero objeto, mas é verdade quase que debaixo dos meus olhos, ou seria debaixo mesmo?

Foi assim, eu vi, está lá, só não posso provar. Mas posso desenhar, contando o que vi:

Marido lindo posta fotografia da esposa também linda- sim, esposa, para não confundir, deixo claro, esposa -, no Instagram. 

Marido lindo posta fotografia da esposa vestida (pelo menos isso!), com as perninhas de fora (belas pernas!), estendida numa cama (naquela posição que os defuntos ficam, estendidos, retos).

Marido lindo corta os pés e a cabeça da esposa na fotografia.

Marido lindo escreve: "Meu, todo dia". 


Quando uma grande amiga do passado divorciou-se, ela me disse: "Você não viveria com meu marido nem por uma semana". Antes que eu pudesse abrir a boca para responder algo, ela completa, "Ah, você nem se casaria com ele!".

Mas tem mulher casando... e algumas ficam até sem pés e cabeça. 


Por Suzana Guimarães

sábado, 23 de abril de 2016

Hahaha!



(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)

Quando eu deparo-me com vidas certinhas, bonitinhas, perfeitinhas, enfim, tudo tão arranjadinho, sem cara feia, sem mau humor, sem o pó que desce sobre todas as coisas...aquela coisa de revista de sala de espera, onde há três mil fotografias impecáveis, eu duvido de tudo; até do nome da pessoa.

P.S.: A roupa fedendo fala tudo!


Suzana Guimarães

domingo, 17 de abril de 2016

ESQUECE

(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)


Esquece a onda que bateu na praia. Esquece o barulho que fez. Esquece o frescor que alcançou seu corpo. Esquece a paz que chegou, e, principalmente, aquele riso. Esquece o riso. Esquece que houve alegria sem explicação. Esquece que você se sentiu feliz. Esquece, pelo amor de você mesmo! Esquece a suavidade da noite, a beleza das estrelas, a sensação de oásis. Esquece o que o fez esquecer do pouco amor, da pouca felicidade. Esquece tudo. Quando você nasceu, era só você e mais nada.

Suzana Guimarães
_Está doendo onde?
_Aqui.
_Onde? Aqui? (E enfia o dedo).

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Um poema quase findo...


(por Suzana Guimarães)



Trincou uma bombonière de cristal, ao longe. Leve som. Trincou o doce caramelado e também a porta antiga, essa, trincou no meu olhar, conjugou-se então um tempo verbal ainda desconhecido e eu me vi triste e submissa às horas quase mortas...

Trincaram os dentes da minha mãe, tantas e tantas vezes, e eu nunca pude ajudar, consolar ou amenizar... O tempo se foi e eu também tive meu sorriso trincado, entrincheirado na memória ardida. Trincou a maçã do amor - como era bela! Trincou o céu num tom bordô. 

... enquanto isso tudo era lindo, a grama muito verde e úmida... e pássaros cantavam amorosamente, em calmaria, enquanto as flores da cerejeira cobriam-me em véu. Tudo tão perfeito e silencioso! E dentro de mim, o mundo trincava-se. ​

As tábuas no chão tantas e tantas vezes encerado - e não mais, não mais! - fingiram trincarem-se enquanto eu as pisava... mas o som vinha do peito.

... enquanto isso tudo era lindo, as árvores tão verdes e frondosas... A menina corria feliz ao redor, respirando, sugando as flores todas que enfeitavam a casa... no chão, petúnias ainda vivas.

Embora trincadas todas as suas pétalas... embora a vida, embora o fogo, o mal e a bondade. Embora a enorme força de vontade.

O relógio trocou os lentos segundos pelo tempo do véu que despencou de mim, dentro da casa de tábuas corridas...

E toda noite, eu venho aqui para dizer sobre todas essas coisas, mas é sempre tarde.

E toda noite, eu venho aqui...

para estar novamente lá

Onde tudo ainda é lindo, verde no chão, azul ou alaranjado no céu que toda tarde arde em brasa...

embora eu ainda sinta o trincar do encontro.


Por Suzana Guimarães

Sobre filhos...

(arquivo pessoal de SCG)

Edifico um prédio de muitos andares, belíssimo, há mais de uma década... daí, surge um sujeito que nunca procriou ou criou alguém e me fala em casinhas de sapé.

Sobre a criação de filhos (biológicos ou não - distinção apenas para os que nada sabem a respeito).


Suzana Guimarães

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Então,

(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)


Falar alto comigo não resolve porque eu começo a ficar surda, num processo interno, pensativo e interrogativo da razão da gritaria... daí, não escuto nada. Ofender-me com ruim Português é tolice porque eu irei parar nos erros e olharei para eles e mais nada, já que eu costumo corrigir mentalmente o tempo todo, inclusive os meus próprios. Fazer-me muita pergunta também - sem que tenha intimidade comigo -, é algo inoperante. Alcancei um estágio avançado de abstração e desconsideração para com as pessoas e situações que não me atraem ou que sejam hipócritas demais.

Beijo.



terça-feira, 22 de março de 2016

Tatua rápido seu nome em minha alma porque está tudo escapando...

(scg)

sábado, 5 de março de 2016

A distância dá brancos na mente.

Arquivo pessoal de Suzana Guimarães 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

De vez em quando, Deus limpa a casa para nós.

(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)