quarta-feira, 30 de setembro de 2015

MAR DE MINAS, MAR DE MIM



(fotografia de SCG, por celular, de dentro do carro)




Divulgando uma delícia de se ouvir:


Por Wagner Fonseca & Dalmir Lott.


terça-feira, 29 de setembro de 2015

29 de setembro de 2015


(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)

CARTA PARA O MEU PAI ( # II )

Los Angeles, 7 de fevereiro de 2013.


Pouco posso lhe dizer agora, talvez sobre o tempo, talvez sobre o cachorro que dorme debaixo dos seus pés. Eu queria lhe contar os últimos acontecimentos. Os de hoje, principalmente esses, e tenho certeza de que você diria, "Você é uma heroína!". Tenho certeza de que nós mudamos, você e eu, eu o vejo melhor, você me reconheceu. Somos amigos, pacíficos, renascidos.
Tenho dirigido tanto, estou dirigindo, você que me disse que no seu carro eu não tocaria, mas que depois liberou e até me deu algumas aulas, perdidos nós nas ruas estreitas do Prado... e ríamos porque o carro parecia ser um avião de tanto que eu não conseguia dominá-lo. Pois é, estou avistando o porto de Los Angeles que se comunica com o de Long Beach... é enorme, pai, o mundo passa por aqui, e, sem carro, estou sem mãos e pés. Tudo é longe, demorado, e eu sou aquela que você nunca imaginou tão distante. E você sabe, até hoje sabe, no profundo de seus silêncios, na sua mudez, na sua total falta de assuntos, sabe que eu não acompanhei ninguém, sou aquela que empurra, aponta, mostra o caminho.
Ando correndo mais que você, repetindo as mesmas coisas, reclamando que tudo tem que ser explicado. Ando só. Será que você era um homem solitário? Os fortes andam por aí em plena solidão porque todo mundo pensa que força cai dos céus, gratuitamente, feito chuva, e que, nós, os guerreiros, simplesmente de nada precisamos, porque nos basta abrir a boca para ingerir as dádivas. Entendem, os fracos, que o mundo é deles, para servir às suas eternas doenças, inabilitações e descrenças. Eles se dizem à margem, mas a chuva cai para todos e eu me pergunto: por que será que essa gente não consegue se mover? Doença, acomodação... são tantos os termos, dispenso todos, pois, você e eu vimos limitações - você fingiu que nem via - mas, nós fomos, trêmulos ou não, dar a cara às águas.
Você ainda faz isso, de outra forma, mas faz porque quer. Continua decidindo por sua vida. Ah, questão de honra! Um homem igual a você não tomba fácil, mesmo assim, do jeito que está.
Você, hoje, madrugada numa minúscula cidade do interior, onde um avião nunca passou, nem navio nenhum aportou. Onde o rio transborda e assusta, ouve-se o bailado das árvores no mato, os pássaros, os ônibus que passam freiando, onde a poeira precisa de água, os cães andam sarnentos e alheios, olhos vigiam pelas frestas das janelas e um menino corre, sorrindo, mostra para a professora todo o dinheiro que ganhou vendendo garrafas vazias.
Você, hoje, é o silêncio daquelas noites, e eu sou tudo aquilo que eu ainda poderia ter lhe dito.

Por Suzana Guimarães.


Originalmente publicado em:
 http://omedodesuzana.blogspot.com/2013/02/carta-para-o-meu-pai-ii.html

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Para constar



Não adoro nenhum humano. Respeito alguns. Tenho nojo de muitos. Valorizo o milagre, o segredo, o mistério. Busco e encontro sinais e, por isso, propago. Tento cumprir a missão que demorei a entender, mas entendi e aceitei. Eu vim ao mundo por motivo certo e designado.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Um lugar que molha meus olhos e seca meu passado.

(por SCG)



É muito bom ter filhos! Para ser sincera - e eu só estou me repetindo -, ser mãe foi o que de melhor e perfeito eu fiz na vida, mas a responsabilidade é enorme, muitas vezes, parecendo ser maior que nós. Quando a minha filha nasceu, eu me questionei: "Eu daria conta?". Além de construir uma pessoa, temos que zelar de forma quase divina e eu não sou deus.

Hoje, ninguém me alcança.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015


Nem precisa mais cuidados. Minha alma tem o peso da tonelada de certa humanidade.
(suzana guimarães)


(por SCG)


terça-feira, 8 de setembro de 2015

DESTE JEITO


(arquivo pessoal de Suzana Guimarães)


Pode ser rico, pobre, gay, heterossexual ou assexuado. Pode ser politizado ou não, culto ou burro; gordo, alto, nanico, pode ser feio de matar ou lindo demais. Pode ser ateu, religioso, beato com bíblia no sovaco. Por mim, pode ser o que quiser. Mas, perto de mim, em convívio, só ficam os educados, aqueles que agradecem, que pedem licença e sabem retribuir; e também os gentis e atenciosos. Gosto de gente que responde quase que na hora, se for na hora, eu gamo.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Teatro, fome do real

(por SCG)



Parece teatro, talvez seja. Abre-se uma cortina e um cenário, e eu entro. Contraceno. Abre-se outro e mais outros e hoje mal entendo o que fiz empurrando todas as malas, ainda diante de mim, agora, vazias. Fiz uma longa viagem e outras pequenas; conheci pessoas; falei ao telefone com algumas; evitei várias; deixei-me à mercê de outras - quando houve preguiça de contracenar. Denominam isso de vida e é. Mas a sensação de que apenas pousei, passei ou mesmo deixei-me levar é imensa. Por isso, o teatro, fome do real. De verdade, fui faminta e voltei mais ainda. Real é o que em silêncio caminha dentro de mim, coisa oca, mas complexa, de tudo tem conhecimento e de tudo fala. Entretanto, não posso fazer morrer ou viver. Apenas carregar. E me dar por satisfeita.


Suzana Guimarães

sábado, 5 de setembro de 2015

SOBRE TIMES

(Arquivo pessoal de Suzana Guimarães)


Desde criança, sinto-me e sou livre. Herança de pai e mãe e algo que também considero de nascença, talvez anterior inclusive à existência atual. Daí, vem alguém e me diz que devo pertencer a um grupo, a um time - parece que soa bonito para essa pessoa a palavra "time". Eu que sempre circulei entre as pessoas não importando situação alguma, qualquer que seja ela, aos 49 anos, vejo alguém, mal me encarando, disparar a imposição de separar-me em grupo, de escolher, de ser leal, fiel, eternamente grata ao não sei o quê. Diante da minha recusa rápida em profundo questionamento, ouço uma conversa desconversada como se eu fosse louca, surda ou burra.


Ei, criatura, falta você caminhar tudo o que caminhou novamente. Depois, a gente se encontra e, quem sabe, toma uma cachaça e brinda. Enquanto isso, eu continuo o meu caminho. Sou de todos, sou do mundo, sou de mim mesma.



Suzana Guimarães​


Quem me ganha sabe o porquê. Seja lógico, racional, e olha-me com amor, com certeza, ganhará lealdade, o que quiser.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O que ficou claro: primeiro, exijo seu respeito. Segundo, respeito você. E, por fim, respeitamos, nós dois, o belo sentimento que nos seduz e une.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Jura

(por SCG)

R. Antonio Carlos, 279


Eu tinha oito, e te encontrei.
Tenho oito e te devolvo.