quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

SOBRE 2015


(por SCG)

2015 foi um ano bem pouco meu. Fatos importantes e sérios relacionados às pessoas que amo calaram-me bastante e eu pouco ri. Essa falta de riso chegou a incomodar-me. Mês após mês, desde janeiro, eu lutei para manter uma certa fleuma e consegui. Comprei em Belo Horizonte, no meio do ano, um ímã da Mafalda com a palavra "Concentração" escrita bem grande, comprei para deixar na porta da geladeira e diariamente firmar nisso, na capacidade que temos e podemos de controlar o externo e nós. Não controlar com absoluto afinco, mas pelo menos, com certa elegância. Então, eu saía pelas ruas "no salto". Nas duas vezes em que bateram na traseira do meu carro, eu saí do carro de forma calma, mas sempre houve, em todas as ocasiões a postura planejada, contida, sabe quando o corpo fica todo elegante para entrar em um ambiente requintado, em uma festa? Parece até que eu respirava menos. Parecia estar de cinta. Parecia que eu me sentava feito bonecas arrumadas na prateleira: pernas bem juntinhas. Minha fisionomia era o tempo todo de poucos amigos, ou melhor, de amigo nenhum. O que me faz sorrir hoje é que eu venci a tudo. Eu venci porque eu soube lidar, só isso. Nem tudo ficou como deveria ter ficado. Nem tudo se transformou em flores eternas, postas num vaso de porcelana das mais finas. Tudo continuou da forma que a vida é: flores morrendo, apodrecendo, secando e outras tantas nascendo. Apreciei muito todas as que caíram inertes no chão porque adoro a realidade das coisas e das pessoas. Apreciei mais ainda as flores que eu mesma ressuscitei. É, com certa ajuda dos astros, do universo, sei lá do quê - coisa chata isso de ter que ficar denominando tudo! -, a gente pode realizar milagres já que milagre é tudo aquilo que a gente pensa ser impossível e acontece.

Não farei lista para o ano que vem. Mergulho nele como se mergulha a caneta em uma folha de papel das mais alvas e deixa a tinta fluir...


Suzana Guimarães.



(arquivo pessoal de Suzana Guimarães - fevereiro de 2015)