quinta-feira, 26 de novembro de 2015

SOBRE CABELO CINZA, PRATA OU BRANCO - como você quiser, E VELHICE.

(arquivo pessoal de SCG)
(arquivo pessoal de SCG)



Após muito pensar, decidi deixar meus cabelos ao natural: branco, cinza claro e escuro. Para uma mulher, mulher brasileira, essa decisão não é fácil e muito menos tomada da noite para o dia. Posso, entretanto, dia destes, mudar de opinião, desgostar e pintá-los novamente. "Posso" porque sou livre e em meu corpo e alma mando eu. 

Entretanto, até agora, estou gostando muito de vê-lo, brilhando ao espelho. Sinto-me leve, desobrigada de retocar a raiz de vinte em vinte dias, no máximo. 

O que incomoda-me não é o cabelo tinto, e muito menos o cabelo prata, o que incomoda-me é a raiz branca. Detesto vê-la, mostrando-me que o tempo passou e eu a deixei ali, apontando-me "esse desleixo" a cada dia, cada vez mais... detesto essa mostra, "Veja, já se passaram vinte dias!", detesto porque o tempo passou faz tempo e isso é visível em minhas mãos, em meus pés, na dobra dos joelhos, em todo o rosto, no pescoço (ah, esse é o número um no quesito tempo que se foi).

Entre a minha paz de espírito e a raiz branca, optei pela primeira.

Após pouco pensar, deixo aqui o que penso sobre velhice com uma pergunta para começar:

O que nos envelhece, além do álcool, da má alimentação, do cigarro e da falta de moderação nos hábitos?

O que nos envelhece é a insistência em manter as aparências a qualquer custo. O que nos envelhece é mentir para nós mesmos, é inventar histórias felizes estando nossos corações machucados diariamente. Sim, todo dia, um pedacinho dele, a gente deixa alguém arrancar e, para mostrarmo-nos superiores, melhores, perfeitos, a gente cola com o cuspe, aquele mesmo que se criou em nossas bocas enquanto falávamos para enganar o mundo e a nós mesmos.

A grande tolice é inventar verdades, gastar esse cuspe, fazer essa colagem porque o que é verdadeiro prescinde de muito, salta aos olhos, todo mundo vê.

Por Suzana Guimarães.


P.S.: Texto carinhosamente escrito para quem me chamou de velha.  :)