sexta-feira, 22 de novembro de 2013

SOBRE MERGULHOS, PULOS E UM CERTO LAGO

(fotografia gentilmente cedida por Ana Beatriz Maia)

De tudo, ao fim de um ciclo, que não sei bem quem assim o delimitou, mas que posso percebê-lo, vi e entendi que pulei mais vezes do que poderia ter pulado, ansiei por mergulhos profundos, em águas rasas. Ou me joguei sem saber ao certo quão profundo era aquele rio que me sorria, convidativo. 

Pulei em quaisquer águas, fingindo sabê-las. 

Ou me fiz brava nadadora nos mares que me atraíam...

Hoje, posso ver negro lago a noroeste de todas as coisas que deixei para trás, a sudoeste daquilo que nem cheguei a ver, diante das enchentes que se arrastaram. 

É tarde, faz frio em cada costela que me sustenta e eu posso ver o brilho das águas que se alastram, ao redor, como se esse lago germinasse outros pequenos lagos. Posso ver que cintila, posso saber, de mim, que nele, hesitarei, mesmo sentindo que esses ventos frios circulam entre nós. Há beleza também em só olhar. 

- eu que sequer quero olhar, bastando-me apenas um ponto na pele, sentido - 

De tudo, ao fim de um ciclo, um lago miragem, num deserto perdido num mapa nunca encontrado, diante de mim. 


Por Suzana Guimarães