quarta-feira, 28 de junho de 2017

Amante da verdade, decidi me casar com o amor.



"A verdade dói o amor também." (Rosi Alves)

Eu somava, juntava os pares, estava decidida a entender o que crescia silenciosamente em mim, talvez, uma consciência maior. Após assertivas mudanças, a gente descobre nossos hiatos, aquelas partes que ficaram sem compreensão... Eu descobri num dia qualquer, sem fazer esforço, suavemente, como um agrado, um toque na alma, descobri que a minha tão adorada e excelente memória passou a prejudicar-me, então, o melhor a fazer é deixá-la um pouco de lado, melhor, talvez, esquecê-la. E por que não? Eu mesma serei esquecida após a minha morte. Eu sou esquecida o tempo todo para ser mais exata. E em inúmeros momentos, desejo inclusive esquecer-me.

Amante da verdade, decidi me casar com o amor. Quando foi que eu passei a entender que um é sinônimo do outro? Nunca foram!

Sem desprezar a verdade e​ sem renegar a minha tão querida memória, dou-me de presente o amor. "A verdade dói o amor também". A Rose escreveu essa frase e eu que vinha pensando, desgastando-me atrás de uma equação mais feliz em minha vida, decidi esquecer que é o mesmo que parar de somar ou multiplicar.

Decidi então casar-me com o amor e que se dane o que passou. Ótima memória, uma verdadeira calculadora bem incrementada, com luzinhas coloridas, musiquinhas, fitinhas de lembrança... só está servindo mesmo (se é que algum dia serviu bem) para punir-me eu mesma o tempo todo. Uma engenhoca travada em acontecimentos passados que me faz infeliz.

Essas verdades passadas estão machucando o meu amor. Daqui a pouco, não amarei mais ninguém. É questão de salvação. Toda verdade liberta, mas a memória parece encarcerar a vida. Pior de tudo, parece machucar o amor.


Por Suzana Guimarães


(Nota: continuo em férias)

2 comentários:

  1. Eu me sentia assim também, até me convencer que essa parte da memória era um baú pesado, que eu carregava pra cima e pra baixo, sem necessidade. Esvaziei o baú, mas ainda assim pesava, então larguei por aí. Não lembro onde, porque a memória já não é mais a mesma. Alguém já falou (e pra continuar coerente, não lembro quem), que o passado só é bom, por ser passado. Acho que é isso. Bjo.

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    1. Você está certo! Nem esvaziar resolve. O ideal é deixar num canto qualquer. Beijos!

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