sábado, 18 de julho de 2015

que não se explica...





​Foi assim que eu fui perdendo a minha identidade, morrendo toda noite e nascendo a cada manhã. Questiono se realmente é algo proveitoso termos alguma identidade, algo implicitamente desejado ou incutido como certo. É triste perder tudo e parecer de outro mundo - de tão inadequada -, mas é mais pleno, com certeza. Pertencer a nada e não possuir ninguém, muito menos ser possuída... parece-me que isso é cumprir o papel, um retorno ao início. Quando chegamos, de nada sabemos e vencemos esse momento e todos os outros posteriores. É a velha história, ou melhor, fato, coisa real: ser como tudo o que brota nos campos, alheio. Livre. Incomoda esse não pertencer, faz doer, mas retira toda e qualquer prisão.


​Suzana Guimarães​