domingo, 7 de abril de 2013

Meu pai

 
 
Suzana Guimarães - arquivo pessoal
 
 
Nenhum amor me salva hoje e nenhuma palavra por mais bela, nem a ideia do futuro ou esta agonia presente, nem ela. Minha história se reconta em mim, de forma aleatória, sem datas, lembranças somente, nada, nada linear porque essa história começa a se enuviar. Dou-me ao direito do choro de filha. Descendo dele em corpo e alma, em nome, em tantas histórias contadas e que, se eu não cuidar, se perderão com ele. A partida dele tira-me o chão. E o que sou sem chão? Nem voos alcancei... Ele sempre teve chão e se pisou bem ou não, pisou, marcou seu território.
 
Nenhuma palavra me salva, nenhum conforto ou consolo, com ele, desvaneço-me, mesmo ainda inteira. Eu nunca soube que ele poderia tanto.
 
Por Suzana Guimarães