sexta-feira, 26 de julho de 2013

QUE EU...



Desconheço autoria da imagem


Que eu fosse limitada, melhor palavra, burra. Que eu me calasse, apenas ouvisse, jamais contestasse. Que eu sentisse pudores de meus erros, vergonha por não saber... Que eu deixasse as ofensas debaixo das toalhas das mesas e me cegasse para o prazer da carne. Que eu fosse submissa, jamais debochada, nunca tão clara e vidente. Que eu me comportasse diante dos machos e das convenções. Que eu soubesse fechar bem os botões e dobrasse as pernas e dobrasse a língua... Que eu fosse outra. Que eu vestisse a roupa a mim ofertada... Porém, fui e fiz do jeito que eu quis. Não nasci para ser enfeite. Não sou galho de flor seco que adorna aparadores.
Por Suzana Guimarães


Nota: originalmente publicado em 25 de julho de 2013, no Facebook.