terça-feira, 20 de março de 2012

INTERAÇÃO

(Suzana Guimarães - arquivo pessoal)


Início de noite, o deserto em silêncio, ainda inverno quando senti passar pelas portas de vidro abertas o vento frio que uma terra seca também proporciona, toque macio, frescor.

Parei. Respirei fundo.

É preciso também saber renascer, aceitar o que a terra lhe promete, os sopros da bem-aventurança. E vi então, junto a tudo isso, o mesmo que já foi, o mesmo que com certeza virá, nos ciclos que se renovam. É sempre assim, há o tempo da secura e o da umidade, o tempo da enxurrada, e o tempo de ser. Porque a gente se perde muito no ter, ter um amor pra se cantar, um amigo para se dividir, ter beijos, afagos, ter algo pra se pensar ou sentir. Pronto, novamente, recomeço, e, como sempre, como todo reinício, dispenso a posse, almejo apenas ser.

Ser que respira fundo e ponto.

Por Suzana Guimarães