"Flor perfume leve... tempestade devassa destruição..."
(Rafa Feck)
Ao criar o Blog, dois meses atrás, me deparei com o espaço em branco para eu responder "quem sou eu". Nem tentei preenchê-lo, pois sempre penso em tudo diante dessa situação e o tudo não resolve.
Uma malagueta me irritou na terça-feira, logo pela manhã, e hoje, sem que eu ainda me lembrasse dela, retornou. Me irritou novamente.
Lembrei-me então da auto-definição do Rafael Feck e entendi a razão de eu ter lido a frase mil vezes, na época. Eu lia a minha própria definição, mas não sabia. Você com certeza concordará comigo, definir a si mesmo, dizer quem tu és, não é tarefa fácil.
Sim, eu sou flor, perfume leve... sei que é preciso que você, se quiser se aproximar, tenha a árdua tarefa - ou prazerosa, isso fica a critério de cada um - de encontrar o caminho do jardim. Se, se alcançá-lo, tu me sentirás. Mesmo que com pétalas secas ou rígidas ou desfalecidas, mesmo que com pouco cheiro, nunca doce, mas leveza que lhe passa ao respirar, sou flor. Sou flor que você pode cheirar, pois não suporto aquelas flores de plástico ou fedidas, já podres, ou simplesmente miragem floral, que não podem ser cheiradas, porque feito o príncipe que vira sapo, elas viram um vespeiro que você não pode sequer tocar. Se você me encontrar flor, tocará flor, sentirá flor, cheirará flor. Mas,
se você me encontrar vento forte, tempestade, o mundo sacolejando debaixo dos seus pés, não pense em jardins, jardineiros e tratamento do solo, afaste-se, corra se possível, porque, se tu me tocares, com certeza, encontrarás apenas devassa destruição.
Só o tempo, só Deus, só a voz da minha mãe, só os olhos dos meus filhos poderão conter a ira dos ventos. Nem eu mesma poderei. E, na minha devassa destruidora ventania não sei de flores, não sei de aromas. Mas sou o que tu vês, não sou a flor que você não poderia ter cheirado.
por Suzana C. Guimarães
Nota: mesma publicação, na mesma data, em Contos de Lily.
Oi Suzana!
ResponderExcluirTe acompanho em silêncio, mas não posso deixar de dizer que adorei sua descrição!
Beijos!
"Você pode se queixar porque as rosas tem espinhos ou se alegrar porque os espinhos tem rosas" Tom Wilson
ResponderExcluirSe não provarmos o amargo não seberemos o que é o doce, se não andarmos no escuro, não valorizaremos a claridade e assim por diante.
Se não fossem as ventanias, não sentiriamos de longe o cheiro de uma flor.
Beijo no coração
Por estarmos em ininterrupta mudança, talvez uma auto-definição só faça sentido no último momento de nossas vidas... Mas e se houver algo depois? Porque talvez continue e, sobretudo, continue sempre mudando... De modo que, com relação a isso, parece-me, sempre acabamos voltando a Heráclito e a Raul Seixas, não acha?
ResponderExcluirGK
Que bom, Suzana, é poder cheirar a flor, banhar-se no que é, surgir,sem truques, sem maquiagem, ostentando com orgulho as rugas da existência, sem edições, para que todo o texto e contexto da caminhada esteja registrado.
ResponderExcluirAbraço de sábado!!
Suzana, que linda flor você postou aqui em forma de você!
ResponderExcluirAo responder a mesma pergunta na ocasião da criação do meu blog, eu pensei no que sou. Foi fácil. Sou simples; um homem comum (sorrio).
Fiquei muito feliz com o seu lindo comentário em meu “Conjuguemos os Cônjuges”. Muito obrigado!
Você é flor, vento forte, tempestade, tudo isso! Você não necessita
ResponderExcluirde paradeiros, dispensa as bússolas
e os sinais.
Faz de conta que te conheço...rs
BeijooO*
somos tantas,
ResponderExcluirsentido, razão,
amor, paixão
brisa e destruição..
achei-me em tuas
palavras, e elas
me acompanham
nesse meu delírio
de auto-definição
sinto vc forte
em tuas palavras
se fosse um aroma
seria amadeirado
nada doce, mas
marcante..
Suzana,
ResponderExcluirHá flores que não precisam de perfume, felizmente elas aguçam o pensamenteo daqueles que veem muito mais que o perfume, beleza, em uma flor!
Só o tempo, só Deus, só a voz da minha mãe, só os olhos dos meus filhos poderão conter a ira dos ventos. Nem eu mesma poderei. E, na minha devassa destruidora ventania não sei de flores, não sei de aromas. Mas sou o que tu vês, não sou a flor que você não poderia ter cheirado.
Amei!
É sempre muito bom vir aqui!
(Eu venho lá do sertão, lá onde o vento faz a curva, lá onde eles às vezes esquece dá fazer a curva... ...tão longe de ti e tão próxima dos teu versos...)rs
.
Um abraço, Marluce
Olá Suzana,
ResponderExcluirvim agradecer pela citação que deixou no meu blog, não conhecia e fiquei muito feliz que tenhas me apresentado.
E digo-te mais: não hesitarei em ceder-te minhas asas caso queira voar :)
Beijo no coração
Engraçado, querida... qdo passo no teu blog, qse sempre nao tenho vontade de postar comentarios... pq... bom... na verdade, pq vontade tenho mesmo é de assinar... cada uma das postagens...
ResponderExcluirFlor... não atoa q me doei esse codinome... mas de forma ainda mais simples, de quem não sabe falar ou se sabe, se nega.
Fui ousada, sei... Mas flor é assim... é tanto, mas é tão pouco... é tão raro e tão banal...
E engraçado... q praticamente todas as descrições, sinto q no fundo, me atingem... sinto que no fundo, me cabem...
Com palavras diferentes, falamos a mesma coisa, falamos a mesma lingua... será q um dia nos mastigarão?
Um beijo
em cada pétala de sua alma,
frô.
lilly querida.
ResponderExcluirparabens pelo seu blog,é muito bom passar por aqui.
por favor fique a vontade para para postar no seu blog
o que quiser.
abraços carinhosos
mara