sexta-feira, 2 de julho de 2010
DEIXA PRA LÁ!
Suzana C. Guimarães
Lá, passei por tantas pingelas,
Estive tão só,
Engoli tantas mazelas.
Senti da terra, o pó
bem próximo ao nariz
E me vi com dó.
Lá, cresci minha barriga quatro vezes,
perdi com poucos meses...
Ganhei bebês
que tentei tantas vezes.
Lá, trabalhei
Abandonei
Morri de arrepender.
Me deixei prender
e já quis ficar mais de uma vez
igual à única vez.
Lá, deitei no chão para ler poemas de amor
E deitei no mesmo chão para ser o amor de um poema
Lá, gritei no lugar errado,
e falei baixo quando não era adequado,
me senti uma ema.
Lá, chorava por nada
pensando no mar.
Lá, já ri de velório
E vi o relógio
parado na visão
do sonho da fada.
Lá, caí no chão
só para sentir felicidade
contra uma faixa preta no roupão
vi tanta facilidade...
Vivi de roldão,
pois que então.
Lá, me curei de doenças.
Por pouco perdi minhas crenças...
Aprendi a curvar
Aprendi a amar
Aprendi a triste arte de desamar.
Lá, carreguei a veste negra
bordada de meninas.
E, com ela,
amei, chorei, me cortei.
Não pensei quando pensar parecia ser demasia,
não respirei;
muito era o mundo que eu via...
sequer rezei,
Enquanto todo o tudo,
eu perdia,
se esvaía...
Lá, briguei,
xinguei.
Forcei a barra
e peguei você na marra
depois fiquei tão brava...
Lá, deixei meus pais
Larguei meu país,
meu berço lindo,
Tão belo quanto Paris
Mas que me deixou só, assitindo...
feito nos velórios em que fiquei rindo.
Vivi a limpar gavetas,
mil vezes.
Afoguei você,
Quantas vezes?
Lá, me molhei de prazer.
Me sequei toda ao desfazer
nós que custei a fazer
carinhos que custei a ter
orgasmos que eu não quis ter.
Lá, fui obrigada a aprender medicina,
Vi tanta gente permissiva...
Lá, fui empurrada para as quinas
e pensei ver gato preto em toda esquina.
Lá, eu era menina
e não era minha...
Vivia triste sina
pra alcançar a colina.
Lá, aprendi a falar entrelinhas,
tentei escrever em rimas...
Aprendi a não ficar tão em cima
e quase caí de cima
de um cavalo que era uma cisma.
Lá, eu subia em mangueira, goiabeira, jabuticabeira
em toda a redondeza,
Hoje, sou estrangeira
E sei quase tudo de estranheza,
mas saí da beira.
Lá, já paguei língua.
Já morri à míngua,
delirando com sua língua
e pude ver que toda lua míngua
ou finda...
Lá, da vida fui faca para amolar
Lama para Deus moldar
Mas para lá,
não pretendo voltar.
Lá, passei por tantas pingelas,
Estive tão só,
Engoli tantas mazelas.
Senti da terra, o pó
bem próximo ao nariz
E me vi com dó.
Lá, cresci minha barriga quatro vezes,
perdi com poucos meses...
Ganhei bebês
que tentei tantas vezes.
Lá, trabalhei
Abandonei
Morri de arrepender.
Me deixei prender
e já quis ficar mais de uma vez
igual à única vez.
Lá, deitei no chão para ler poemas de amor
E deitei no mesmo chão para ser o amor de um poema
Lá, gritei no lugar errado,
e falei baixo quando não era adequado,
me senti uma ema.
Lá, chorava por nada
pensando no mar.
Lá, já ri de velório
E vi o relógio
parado na visão
do sonho da fada.
Lá, caí no chão
só para sentir felicidade
contra uma faixa preta no roupão
vi tanta facilidade...
Vivi de roldão,
pois que então.
Lá, me curei de doenças.
Por pouco perdi minhas crenças...
Aprendi a curvar
Aprendi a amar
Aprendi a triste arte de desamar.
Lá, carreguei a veste negra
bordada de meninas.
E, com ela,
amei, chorei, me cortei.
Não pensei quando pensar parecia ser demasia,
não respirei;
muito era o mundo que eu via...
sequer rezei,
Enquanto todo o tudo,
eu perdia,
se esvaía...
Lá, briguei,
xinguei.
Forcei a barra
e peguei você na marra
depois fiquei tão brava...
Lá, deixei meus pais
Larguei meu país,
meu berço lindo,
Tão belo quanto Paris
Mas que me deixou só, assitindo...
feito nos velórios em que fiquei rindo.
Vivi a limpar gavetas,
mil vezes.
Afoguei você,
Quantas vezes?
Lá, me molhei de prazer.
Me sequei toda ao desfazer
nós que custei a fazer
carinhos que custei a ter
orgasmos que eu não quis ter.
Lá, fui obrigada a aprender medicina,
Vi tanta gente permissiva...
Lá, fui empurrada para as quinas
e pensei ver gato preto em toda esquina.
Lá, eu era menina
e não era minha...
Vivia triste sina
pra alcançar a colina.
Lá, aprendi a falar entrelinhas,
tentei escrever em rimas...
Aprendi a não ficar tão em cima
e quase caí de cima
de um cavalo que era uma cisma.
Lá, eu subia em mangueira, goiabeira, jabuticabeira
em toda a redondeza,
Hoje, sou estrangeira
E sei quase tudo de estranheza,
mas saí da beira.
Lá, já paguei língua.
Já morri à míngua,
delirando com sua língua
e pude ver que toda lua míngua
ou finda...
Lá, da vida fui faca para amolar
Lama para Deus moldar
Mas para lá,
não pretendo voltar.
8 comentários:
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Mas todos os "lás" da vida não acabam sendo sempre o aqui mesmo?
ResponderExcluirGK
Perdoe-me, eu ia dizer a compostura, mas é a sacanagem mesmo, eu só li a primeira estrofe, e, sem mais necessitar de saber o assunto do poema, bateu ansiedade daquelas, que vão ficando cada vez mais raras, quis escrever para voce,
ResponderExcluirNão quero saber por que, nem como, quanto, quando, por que novamente, não quero saber de nada, quero deixar aqui minha presença, não importa como
Mas costumo guardar trechos de livros em um arquivo 'aleatório' no PC, frases ou idéias, que jamais encontraria na internet; sou meio preguiçoso de guardar rss riscando o livro.
Espero que voce post este ? comentário
A NATUREZA É UMA COISA TRISTE
Como diz Whitehead, a natureza é uma coisa triste, sem cores, sons nem fragrâncias: todos esses atributos são puramente humanos.
Radical e inevitavelmente (mas, por que evitá-lo?), nossa visão do mundo é subjetiva, e cada um de nós cria cores e músicas, grosseiras ou delicadas, complexas ou simples, conforme nossa sensibilidade, nossa imaginação e nosso talento.
E, agora, volto lá no post, até mais
Não sei se é gostoso
ResponderExcluirpensar que só a poesia em mente
porque se mente não importa
a história a ela, ficou claro
não reserva os dentes, não
não sei se é gosto só a poesia
porque os dentes nem sempre são
sorrisos e às vezes crueis sem coração
Também quase um direito posso pensar
que são para alguém tão verdadeiras
palavras sem recuo para um casamento
que não fora jamais infeliz, ou jornada
homem a dentro o universal destemido
bebe que voce ensinou a amar assim
partindo para outros devaneios triviais
Também quase um dever preciso pensar
o poema quase faca piedosa rima ou lima
levemente azeda ainda seu jeito de dividir
de sempre seu amor por cortar cordão de vida
Mas por nada por tudo não quero surpreender
e ficar por um tris cansei por não amar voce
assim sofrendo entre futuro e passado, imploro
que seja poema sina de feliz aguerrida menina
pensei nada, não ficou bom, pelo menos senti
um forte abraço, Suzana
Esse "lá" é onde, em algum momento, todos nós estivemos, estivadores por um tempo, carregando a carga da emoção, as toras de culpa, para largá-las no chão, as tiras de prazer, para contá-las na mão, as taras alheias, para cortá-las, com um não, venturas e desventuras, dia sim, dia não...
ResponderExcluirAbraço com sentimento!
E eu, Suzana, que pensei que LÁ fosse sua pasárgada! Bj e um bom fim de semana!
ResponderExcluirOlá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Fabrício e cheguei até vc através do "Entre Aspas". Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir meu blog Narroterapia. Sabe como é, né? Quem escreve precisa de outro alguém do outro lado. Além disso, sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas. Estou me aprimorando, e com os comentários sinceros posso me nortear melhor. Divulgar não é tb nenhuma heresia, haja vista que no meio literário isso faz diferença na distribuição de um livro. Muitos autores divulgam seu trabalho até na televisão. Escrever é possível, divulgar é preciso! (rs) Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs
ResponderExcluirNarroterapia:
Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.
Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.
Abraços
http://narroterapia.blogspot.com/
Olá curiosa Suzana!!!
ResponderExcluirNossa!!
Esse poema tem tudo a ver com o E-mail que venviei.. Coscidência ou não, revela os conflitos do Ser interior...
Não postei a mensagem por aki, pois viu como eu falo...Putz! Se der corda então....kkkk
Mas espero que mate mais a sua curiosidade sobre o assunto, onde abordei de forma mais ampla, visto que, todo preconceito vem primeiro de um novo conceito adotado. Coisistas da nossa sociedade Hipócrita....
Fazer sexo só depois que casar... Não fale com gente mais Pobre... e poraí foi o mundo expurgando a essência da própria personalidade do Ser.
Mas espero que goste do tema..
Bjs, sem Brasil na copa, mas milhões de beijos seu A Arrogância Argentina também...kkkk
Maradona deve tá P.....kkkkk
Tô fora de Futebol.. Gosto, torço, mas perdeu perdeu, vamos bater palma pra quem for o vencedor...
Bjs
MARCIO RJ
Que coisa mais lindaaaaaaaa!!!! Me arrepiei inteira... Tudo o que você escreve me comove.
ResponderExcluirBeijooO*