quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
SOBRE PROMESSAS
Duas doses do melhor aguardente, ardente sol a queimar-me tal qual a fogueira em que me pus a arder, flamejar, queimando, rasgando, doendo por vasto tempo quase tão quanto meu tempo de vida... a insanidade querendo dizer-se absoluta, dona minha, e eu na fé do caminho sobre o meio-fio. E agora me encontro a rir.
Vocês viram? Ninguém. O sol, as palmeiras, o calor, o instante. A promessa ardendo feito chama.
Vocês ouviram? Eu gritei, gritei tão alto, para além dos céus, fixei a retina, gravei porque eu sempre soube que gravado estava, mas eu quis ter certeza, milagres nos tornam irreais. Tolos os que não deliram nessas febres de insistência. Doente, insistente, eu recuei, às vezes, para retornar com mais vontade.
Lambi o infinito, faminta, perdida, neste deserto em que caí.
Sou o chão, sou o calor e a brisa da noite, pois os desertos prometem e cumprem... se você se curvar, se você se fizer oferenda.
Três raios tem a lua, três raios tem o sol, três vezes eu sou e sou aquela, de outro dia, de onde não se conta mais por ser totalmente imensurável.
Sepulto a finitude de todas as minhas existências. Eu professo, eu vi o sol, a lua, e a insanidade que fugiu, pega em sua mentira, todos eles por fresta, na fumaça que aquele índio soprou e me alcançou.
Por Suzana Guimarães