quinta-feira, 30 de setembro de 2010

GIRA-ME, SÓ

fotografia, por SCG

Eu giro, giro no mundo da Emili. Ela é a menina da casa verde, no Rio Grande do Sul. Ela se veste de 'ladybug" e às vezes pega carona nos ventos. Lembro-me do dia, do leve toque no meu braço, avisando sua chegada.

Gosto de visitá-la pelo que ela é, jeito doce que eu não tenho. Gosto da ternura, da simplicidade dela, da forma como ela me oferta amor, algo que sempre tive dificuldade para fazer. Ela oferta amores, como se os carregasse num tabuleiro de prata com pano bordado em cima, fino linho branco. Se eu fosse fazer o mesmo, eu ia complicar a oferta. E, no final, ninguém, nem você e muito menos eu saberiamos se algum amor foi realmente oferecido. Possivelmente, eu lhe entregaria cubos coloridos e pediria para você revelar o segredo, em minha constante necessidade de ver além da carne, além do brilho dos olhos, ultrapassar fronteiras inimagináveis, tocar o intocável, empurrá-lo ao desafio.


Eu giro, giro no mundo da Emili. Vou lá toda noite, madrugada no Brasil. Há sempre música linda girando. Há um globo colorido, tantas águas azuis, e eu vejo a Europa, a África, o Brasil. Paro os olhos no grande coração verde e tento fazê-lo parar na minha visão, mas ele permanece a girar, girar. E me vejo, um pontinho verde, pulsando. Impressiona-me  aquele pulsar. Sinto meu coraçao bater junto. Descontrolo minha respiração.


Às vezes, penso que me escondi ali, aqui, na beirada do Pacífico. Às vezes, penso que não, cumpri meu destino, meu sonho, meu querer.


Mundo grande, redondo, bola que gira, gira, mundo de Deus, mundo bom, mundo mau, mas mundo e eu sou giramundo.


Giro em mundos alheios e também nos meus, sem saber se algum dia aprenderei a arte de carregar tabuleiros de amor. Sempre foi assim, uma necessidade constante para tocar almas e não tabuleiros. Mas é preciso o tabuleiro, é preciso o fino linho para que o outro descubra. Minha vó dizia " menina difícil, ela, a gente tem que pegar na marra, abraçá-la, apertá-la, ela aceita, vá lá, faz isso!". Mas, quem é que ia? Faltava coragem, faltava amor para  tocar na menina que parecia não estar presente, que parecia fechada em paus, alheia, alheia. Ninguém se arriscava, mas a minha vó, sim, vinha, pequenina, mas forte, me pegava pelos braços com força e apertava-me. Eu gostava. Aspirava o cheiro sempre bom dela, o sentimento da posse, mas não me importava o abraço em si. Com o tempo, fui me doutrinando, eu dizia para mim mesma, chega na frente, abra os braços e aperta, mas aluno que precisa estudar muito, não é o melhor aluno.


Estou aprendendo. Eterna aprendiz de abraços, de amor.


E gira, gira, gira o pontinho verde, gira-me.
                                                                                           Suzana C.Guimarães


Para conhecer a Emili, clica no endereço abaixo:

9 comentários:

  1. Aah Suzana,
    é indescritível a sensação de ler-me em tuas palavras. Além da imensa alegria, também me sinto previlegiada. Me sinto assim não apenas por ter lido palavras sobre mim, tão bem escritas, mas por ter a oportunidade de dividir ctgo alumas coisas sobre mim, algumas alegrias, algumas tristezas e algumas coisas que por incrivel que pareça apenas tu sabe. Talvez teus olhos não perceberam, mas tu tem em tuas mãos um tabuleiro lindo tbém, foi com ele que me ofereceu palavras de conforto, de sabedoria e alguns conselhos.
    Naquele 'mundinho' piscamos tão distante, mas como já te disse, quando te escrevo e quando leio teus emails, é como se estivesse ouvindo tua voz (mesmo não sabendo que tom ela tem). Mas acredite, se eu estivesse perto o suficiente, não me faltaria a coragem de dar-te um abraço daqueles.
    Te mando um beijo com muuuuito carinho, daqueles que tu pula pra pegar no ar.
    Muito Obrigada!

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  2. Vi flores e sorrisos, amizade e saudade misturada em campos de sonhos!!!

    Lindo demais, Su!!!

    Beijos e beijos para vc!!^^

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  3. A Emili é uma graça de menina.
    Tem gente que tem o canto dos passarinhos né Su?
    Dizem, que aqui nesse mundo virtual, as pessoas não tem alma.

    Ledo engano, eu conheço as mais lindas desse mundo.
    Uma delas é você, bem sabes!

    Lindo texto, essas palavras de amizade, num mundo tão individualista é de encher os olhos.

    Fez cócegas na minha alma!

    Beijoooooooo Su!!!!

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  4. Suzana,

    Segui sua sugestão e sobrevoei o Mundo de Emili. Não me surpreendi. Apesar de recém-chegada, senti emoção em todos os cantos. Você tem razão: É mesmo doce e rara a sensibilidade da menina gaúcha da casa verde.
    E percebi ainda, por aqui, no que li neste seu ninho, que você, Suzana, é, sim, mestra na arte de tocar almas com amor.
    É verdade que temos sempre a aprender, principalmente sobre esse turbilhão chamado amor, mas seus textos deixam claro que está mais que pronta para ensinar e amar e amar e amar.

    Beijos!!!

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  5. Suzana,

    Aquela que diz não saber demonstrar o seu amor, incapaz de dar e receber um abraço, um carinho, que se diz uma aprendiz na arte do contato intimo com as pessoas é a mesma que constantemente nos dá uma aula ao desnudar seus sentimentos e o faz com tanta delicadeza, tanto desprendimento, que cada vez mais nos enleva e cativa.

    bjo

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  6. Alô, mineira mais querida dos States!

    (Deixo este alozinho e vou correndo virar pontinho também no matagal da Emili. E não reclame, viu! O Tuca veio aqui e passou batido rumo aos pampas...)

    Beijão

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  7. Transbordante! De beleza e de sentimentos.

    BeijooO*

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  8. Giramos
    Prazer, escreve muito e bem.

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  9. Su,

    Aprendiz que nada. Vc é o próprio tabuleiro!

    há tempo que venho rondando as palavras, pra fazer um texto sobre essa vida bonita dos blogs. Quantos amigos queridos que nos chegam e que chegamos a eles.
    Tanta vida e alma, como vc, essa menina e tantos corações que fazem parte da nossa vida.

    Espero que vc esteja serena e renovada, pra gente te ver com mais frequ~encia.

    Bjocas e bom fds

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