Daniela Ferreira, em ar blasé |
domingo, 4 de agosto de 2013
MEDO DE SUZANA
Dizem que os homens têm medo de mim. Bem sei disso, minha inteligência corta-os em fiapos. É porque são burros, se o contrário fossem, fariam riqueza com os fiapos, conquistariam terras distantes. Sou a mulher que não se intimida por não saber, mas, cuidado, seja mestre ao ensinar, pois uma expressão arqueada o observará. Jamais lhe darei certeza de coisa alguma, pois não sou vaso de planta para ser arrastada, ora pra sombra, ora pro Sol. Sou qualquer grama, flor, matinho que se expande em terrenos férteis. E tenho dó dos que me imaginam galgando terrenos arenosos e secos. Busco quem me água. Choro por um, hoje, amanhã, renasço com a piscada de olho de um outro. Não são todos iguais, mas para mim apresentam-se sempre bem semelhantes. São todos muito certos de que, com eles, viverei os mistérios gozosos. Tenho dó; abre em meu rosto, cínico e pequenino sorriso, prefiro aquele que não tem certeza de nada. Ah, aprecio os verdadeiramente inteligentes! Fácil comprar pedaço de chão, carros e falsos quocientes de inteligência. Difícil pagar pela compreensão oriunda de fontes naturais. Sábios não fazem alarde, mas também não são toupeiras chocando pedras nos pastos.
Dizem que os homens têm medo de mim... Não, não se trata de medo, bem sei disso. Eles apenas sabem que sou tudo o que eles queriam ser.
Por Suzana Guimarães