sábado, 26 de janeiro de 2013

E eu que não gostava de barba, agora, gosto.

 

(Imagem retirada da Internet)
 

Do que eu mais gostava? Ele quis saber. Parei, pensei, pensei. Desmanchei rapidamente palavras que se atropelavam dentro de mim. Pensei, pensei. Há um quê nos homens que eu admiro, a lança apontada, sempre apontada, bom, para mim, sempre foi assim, homens diretos, jogo aberto, crueza total e eu embolada em palavras, caçando meus sentires... homem não atira as madeixas para os lados, não faz biquinho, não finge vontade, atira para matar... por isso, e pela anatomia e cheiro, prefiro homens a mulheres. O homem, ser claro e pragmático, direto ao ponto, agrada-me, deixa que o florido, eu faço. Deixa que o charme, eu jogo.

E eu que não gostava de barba, agora, gosto. Os homens femininos que muito apreciei perderam-se num passado meu, de fragilidades. Homem de barba aparada, cara de macho, olhar de macho, cheiro de oposto... O feminino, eu continuo admirando - deuses reinam, deusas dominam - mas eu o deixo para mim.

E ele ficou esperando a minha resposta, e eu sabendo que ele esperava. Eu ainda estou pensando... Chove no Brasil o dia todo, aqui, uns pingos tolos assustam a moçada... é noite, parece que nas noites, eu ando virando loba, mas eu queria mesmo era ser uma rede para alguém se deitar em mim e se perder.

Do que eu mais gostava? A sensação permanente, perto dele, de que ele era o macho, eu, a fêmea, e, a sensação de um encaixe perfeito. Eu, uma folha de palmeira, deslizando pelas águas do rio que era ele, ambos caçando cachoeiras.

Ele se foi e eu fiquei aqui, perguntando-me: do que eu mais gostei ainda?


Por Suzana Guimarães