Do que eu mais gostava? Ele quis saber. Parei, pensei, pensei. Desmanchei rapidamente palavras que se atropelavam dentro de mim. Pensei, pensei. Há um quê nos homens que eu admiro, a lança apontada, sempre apontada, bom, para mim, sempre foi assim, homens diretos, jogo aberto, crueza total e eu embolada em palavras, caçando meus sentires... homem não atira as madeixas para os lados, não faz biquinho, não finge vontade, atira para matar... por isso, e pela anatomia e cheiro, prefiro homens a mulheres. O homem, ser claro e pragmático, direto ao ponto, agrada-me, deixa que o florido, eu faço. Deixa que o charme, eu jogo.
E eu que não gostava de barba, agora, gosto. Os homens femininos que muito apreciei perderam-se num passado meu, de fragilidades. Homem de barba aparada, cara de macho, olhar de macho, cheiro de oposto... O feminino, eu continuo admirando - deuses reinam, deusas dominam - mas eu o deixo para mim.
E ele ficou esperando a minha resposta, e eu sabendo que ele esperava. Eu ainda estou pensando... Chove no Brasil o dia todo, aqui, uns pingos tolos assustam a moçada... é noite, parece que nas noites, eu ando virando loba, mas eu queria mesmo era ser uma rede para alguém se deitar em mim e se perder.
Do que eu mais gostava? A sensação permanente, perto dele, de que ele era o macho, eu, a fêmea, e, a sensação de um encaixe perfeito. Eu, uma folha de palmeira, deslizando pelas águas do rio que era ele, ambos caçando cachoeiras.
Ele se foi e eu fiquei aqui, perguntando-me: do que eu mais gostei ainda?
Por Suzana Guimarães