quarta-feira, 25 de abril de 2012

SOBRE CASULOS

(fotografia, por SCG)


Querida Lunna,

Outro dia, escrevi para a Andrea, o anjo do Sul, "preciso continuar no meu casulo, frágil casulo que rompo a cada dois ventos...". O que é esse vento? Ou melhor, quem seria esse vento? Só gente seria capaz... É ela, é você, é a minha mãe tão longe de mim. São meus filhos. Uma prima convidando-me para um almoço ou dois... Um colega que questiona "que cara é esta?".

Casulo prata, da cor das águas frias do Pacífico quando batem na areia e molham meus pés. Casulo verde, da cor dos cactos, lírios e ervas que ando namorando, inclusive das rosas brancas que parecem irreais de tão fabulosas, rodeando casas de telhados vermelhos...Casulo vermelho, da cor da paixão que mato todo dia, paixão pela efervescência.
Casulo de silêncio oculto em alguns risos falsos, quase de carnaval.

O casulo me chama, me atrai, e os ventos também. Cartas pedem para serem escritas, boca para ser beijada, amizade pra ser esquecida, passado pra ser enterrado. E um medo medonho me faz derramar lágrimas, tenho medo de telefonemas que gritam em horários incomuns.

Assim, venho me refazendo e desfazendo, talvez embaralhando as linhas dos novelos, mas é preciso. Hoje, o rio da minha vida segue curso próprio, alheio à queixas, mas enamorado por ventos, por gente, por poemas... por um anjo que vela na vela acesa, eterna."

Por Suzana Guimarães


Nota: texto originalmente publicado em 17 de abril de 2012, no Facebook.