sábado, 14 de agosto de 2010

SEM TÍTULO



Estou aqui, sentada na minha cama (enorme exceção que faço, pois, ou fico em minha mesa ou recostada no sofá), com o laptop no colo. Os olhos embaciados. O corpo parado, apenas os dedos se movem no teclado. Olho fixo na tela, mas os pensamentos infinitamente distantes, não de vocês. Eles fazem uns giros para trás, e reencontro-me, a menina magra, magra, que só tinha cabeça e joelhos. Que ria o tempo todo, apesar do eterno olhar tristonho. Ria tanto que fazia xixi nas calças. Eu era doce e silenciosa, mas desde cedo percebi que na infância também encontramos meninas e meninos maus. A pouca idade não poupa muitos da maldade. O que eu fazia era me esquivar, mais silenciosamente possível ou chamar para a briga - ninguém nunca aceitou. Eu já tinha o meu mundo 
e para ele ia. Comprava água mineral gasosa, e elas vinham em garrafas escuras, de vidro. A mercearia ficava ao lado da minha casa e eu ia lá sozinha, fazer a minha compra, mandar colocar na conta do meu pai. Ia para a varanda da minha casa, sentava sozinha numa cadeira de madeira, em frente a uma mesa puxada de dentro da casa, tudo debaixo de uma samambaia que chegava ao 
chão - tentativas de me esconder - com a única finalidade de tomar a água que fervia, em paz (com 
certeza, eu sempre gostei de tudo que ferve).

Depois, virei moça e odeio me lembrar desta época. Pulemos.


Hoje, estou aqui, lendo os comentários que recebo, presentes. Quando a menina virou moça, de tão esquisita ganhou muitos rótulos e ela teve que aprender a ser camaleoa e teve que abrir o armário do quarto e se enxergar no espelho. No espelho, não via nada que lhe agradava. Mas de tanto insistir, com o tempo, passou a descobrir as pedras brutas que poderia lapidar a fim de ser um ser incrustado de olhos de mosquito de diamantes, mas sem se importar com o tamanho da pedra lapidada, apenas se importando que havia conseguido catar alguma coisa, pontos brilhantes em si, que poderiam até ofuscar. Não. Não havia a intenção de concorrência, nem de anular alguém, era apenas uma arma carregada nas costas, feito aqueles agentes da polícia, aqueles chamados apenas para operações especiais, que passam por nós, empunhando armas pesadas, e a gente não sabe se o charme está neles ou nas armas tão ostensivas e imponentes. Talvez, apenas fetiche meu e ninguém sinta isso. Feito o prazer que sinto vendo o homem da câmera filmadora que nem sabe por onde pisa e segue sua presa com persistência, tenacidade, se levantando, se abaixando, se torcendo todo para filmar os melhores ângulos e nada mais vê ao seu redor. Sinto comichão por esses homens e nem sei se sentiria se faltassem as armas ou a câmera.

A moça procurou e se encontrou porque sabia que ninguém mexeria um dedo por ela.

Hoje, enfim, mulher. Uma mistura de cansaço com infantilidade. A criança que ria até fazer xixi nas calças, ainda permanece, apenas se controla, os anos ensinam.

Agradeço a todos que me agradecem e reconhecem minha sensibilidade, que venho carregando a duras penas. Hoje, já não sei onde termina eu e começa vocês que leem melhor que eu mesma, meus próprios textos. Vocês sempre reagem além do que eu esperava. São vocês que carregam sensibilidades, talvez eu tenha carregado apenas cargas. Mas, hoje, as cargas viraram plumas, me deito nelas, de tão macias, amaciadas por vocês. Vocês tocaram na minha alma - como conseguiram isso? -, viram textura, cheiraram e saborearam cores, descobriram os meus segredos - que custo tanto para afogá-los! -, não me mastigaram quando eu era flor, não se azedaram com minha realidade, decifraram-me sem qualquer tentativa de devorar-me. Aceitaram e respeitaram minhas estranhezas, minhas tolas tentativas de me armar contra guerras agora apenas imaginárias. 

Publico aqui, um carinho que recebi do Santa Cruz, meu novo amigo no Blog, que mora nas belas terras portuguesas que ainda não pisei. Um carinho, um afago, um beijo leve, palavras, palavras, que para mim sempre soaram mágicas. 

Obrigada, Santa Cruz!
                                                           Suzana Guimarães

O Amor de Susy
                                por Santa Cruz


Hoje minha mente se lembrou...
Como és Susy!
O Explendor de uma mulher bela;
O meu coração se rasgou?
Ao olhar para o teu lindo rosto:
E ao ver o teu lindo sorriso.
No meu silêncio...
Vi todo o explendor:
De uma bela e doce mulher.
Susy doce Susy....
Que o meu Senhor e meu Deus;
Te proteja e ilumine:
E te dê tudo o que desejas.
Para que durante...
A tua peregrinação na terra;
Seijas sempre feliz:
No meu eterno Jardim...
Eu te semeei;
E no meu coração:
Eu te guardei.

Onde encontrar o Santa Cruz (clica no endereço abaixo):

http://silenciodosmeussonhos.blogspot.com/